Natal ou talvez não

A celebração do Natal, não sendo uniforme em todo o mundo, merece a nossa atenção. Várias são as religiões que interpretam a Bíblia e dão sentidos diferentes ao dia 25 de dezembro.

No caso do Cristianismo assinala o dia com a celebração do nascimento de Jesus.

Por outro lado, as Testemunhas de Jeová entendem que a Bíblia não menciona a data do nascimento de Cristo mas sim a da sua morte, daí não fazer qualquer sentido a celebração do dia 25 de dezembro.

Outras religiões que não seguem os ensinamentos Bíblicos têm, no entanto, pontos convergentes ao mês de dezembro.

Os Hindus comemoram o dia 25 de dezembro como o dia em que o nascimento da luz venceu a escuridão.

Os Neopagãos comemoram o solstício de inverno a 21 de dezembro.

Para quem professa o Zoroastrismo, o dia mais importante é o dia 26 de dezembro, aniversário da morte de Zaratrusta.

Ao falarmos de decorações natalícias do mundo contemporâneo, dir-se-á que são uma amálgama de usos e costumes que se foram reunindo ao longo dos séculos. Durante anos, os Protestantes foram apelidados da “religião da árvore de Natal”, a mesma que hoje é símbolo de tradição Católica e ainda há quem defenda que a mesma remonta a muitos séculos atrás, sendo utilizada em rituais pagãos como símbolo da fertilidade da natureza.

À sua semelhança, várias foram as situações que originaram o pai natal tal como o conhecemos hoje, “...resulta pura e simplesmente de um deslocamento recente da festa de São Nicolau, assimilada à comemoração do Natal, três semanas mais tarde.” (Lévi-Strauss, Claude, 2008:36). Segundo o autor, o pai natal também resulta de um acordo entre pais e filhos para negociação de presentes, ou seja época em que são permitidos/obrigatórios os presentes em detrimento dos restantes períodos do ano, o pai Natal recompensará os meninos bem comportados.

O madeiro de Natal, ritual pagão que durante séculos era visto como forma de proteger a família e a casa de raios e trovões, atualmente nalgumas localidades do interior do país é visto como forma de alumiar o menino Jesus e serve para juntar pessoas à volta da fogueira a contar histórias ou a cantar. Durante várias noites e dias é o local de convívio dos aldeões, até ao dia de Reis, o madeiro é alimentado para continuar a fumegar. Apesar de nalgumas aldeias o fenómeno da globalização está a mudar tradições e mudar mentalidades, com séculos de existência.

Podemos concluir que não só as sociedades estão em constante mutação, mas também as raízes culturais acompanham os tempos de mudança. Atualmente vivemos em sociedades cosmopolitas, os meios de comunicação abriram-nos novos horizontes, para o mundo moderno, vivemos na era da globalização. Os países desenvolvidos e em vias de desenvolvimento estão a substituir o que chamamos “cultura de velhas tradições” por “cultura de consumismo” e o Natal é um verdadeiro exemplo disso.

Baseado no "suplicio do Papai Noel" de Lévi-Strauss,Claude 


Paula

 

 

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